Steven
Spielberg e Peter Jackson compartilham não só a imaginação fértil, mas também o
ímpeto para explorar novas fronteiras. De extraterrestres à Terra Média, ambos
forjaram personagens inesquecíveis em mundos originais e deslumbrantes que
jamais conheceríamos fora de uma sala de cinema. Mesmo assim, até hoje, nenhum
dos dois tinha investido seu talento artístico num longa-metragem de animação
3D.
Spielberg e Jackson estavam
determinados a serem fiéis ao legado de Tintim, e a paixão de ambos pelo estilo
dos desenhos cheios de movimento de Hergé determinou o desenho visual, desde o
primeiro dia, na forma de um filme de animação digital. Ainda
em sua gênese, enquanto o roteiro ainda estava sendo escrito, montou-se o
departamento de arte, e uma equipe de animação e colaboradores em ambas as
costas do Pacífico começaram a trocar ideias para os personagens singulares e
cenários exóticos de Tintim. Uma das suas
primeiras decisões cruciais, e que influenciaria tudo o que se seguiu, foi
manter o período e a textura da história vagos no tempo, como se estivessem
suspensos numa espécie de universo noir, com sombras negras
à espreita em todos os cantos.
“Essas
histórias poderiam ter transcorrido nos anos 1930, 50, 80, ou hoje”, observa
Spielberg, “e essa é uma parte da beleza que queríamos preservar. Não queríamos
no nosso filme celulares, aparelhos de TV nem automóveis modernos. Nossas referências
quanto ao desenho de produção provinham em primeiro lugar do próprio Hergé, e
não de nenhuma época nem lugar presumíveis”.


Jackson
acrescenta: “Queríamos que o filme transmitisse uma sensação um pouco retrô e a
tensão de um drama policial. Não nos referimos ao Tintim, mas o mundo em que
ele vive. Havia tanto suspense na história que vimos que podíamos incorporar
pessoas de trench coat e chapéu sob a
chuva, a iluminação urbana projetando sombras no pavimento molhado – esse é o
mundo que nós criamos e em que vive o nosso Tintim”.
Depois,
os artistas, designers e animadores
começaram a visualizar como seria a arte de Hergé se ela existisse no espaço tridimensional. Apesar de terem sido
desenhadas há décadas, as ilustrações se prestavam, organicamente, à técnica”,
afirma Richard Taylor, coproprietário da Weta Workshop e supervisor de desenho
de produção e efeitos do filme. “Quando você olha os desenhos de Hergé numa
folha de papel, com o traçado em caneta preta preenchido em aquarela fluída,
você só precisa fechar os olhos para começar a imaginar o mundo das aventuras
de Tintim. É inevitável vê-lo em 3D”, reflete ele.


Funcionou tão bem, em parte, porque,
primeiramente, Hergé já deixara claras as regras de que, nas aventuras de
Tintim, a realidade se encontrava em estado puro. "As linhas do que Hergé desenhou não são necessariamente
precisas", afirma o supervisor de efeitos visuais, Joe Letteri. "Ele não procurava desenhar exatamente
o que via; e nós procuramos manter essas qualidades da mesma forma que ele. Uma
grande parte do trabalho do estúdio que o desenhou consistiu em examinar o que
ele havia feito para, então, imaginar tudo aquilo de diferentes pontos de
vista. Isso nos permitiu começar a construir um vocabulário de como queríamos
criar aquele mundo em um ambiente inteiramente animado em 3D".
Para
dar vida ao mundo de Hergé e para que os espectadores possam sentir o vento
soprando através do espaço virtual, o departamento de arte pesquisou imagens e
locações que representariam os vários ambientes pelos quais circulam Tintim,
Milu e Haddock, desde as águas revoltas de um oceano durante uma tormenta às
areias rosadas do Deserto do Saara. Uma das locações favoritas dos designers foi a cidade imaginária criada
por Hergé, Bagghar, no Marrocos, um reino sedutor de intriga no Extremo
Oriente.


“Estudamos
diferentes estilos de edificações, padrões e arcos no norte da África”, afirma
a designer conceitual, Rebekah Tisch,
“e pudemos empregar cores e formas fascinantes na criação de Bagghar. Me deu
uma grande vontade de ir conhecer aquele mundo – e eu espero que o público
assistindo a Tintim sinta o mesmo com essa combinação de
excitação e cores”.
A
convite de Fanny e Nick Rodwell da Fundação Hergé, o principal designer conceitual, Chris Guise, viajou
a Bruxelas para investigar de perto a vida no país natal de Tintim, absorvendo
toda a atmosfera que levou à criação do seu apartamento na Rua Labrador, 26, e
da fachada do Castelo de Moulinsart, a casa de campo dos Haddock. “Chris
fez uma imersão total no mundo de Hergé atrás dos cenários que o haviam
inspirado e voltou cheio de ideias e com uma compreensão completa do lugar”,
comenta Richard Taylor.


O
supervisor de modelos digitais, Marco Revelant, enriqueceu ainda mais a
produção, com sua paixão por réplicas de navios, um dos elementos-chave da
aventura. Revelant viajou ao Museu da Marinha, em Paris, para dissecar
visualmente os galeões nos quais Hergé se baseou, O Brilhante e O Licorne. “Os desenhos de Hergé eram bastante
elaborados para as suas dimensões reduzidas”, afirma Revelant. “E nós aplicamos
os mesmos ajustes aos nossos modelos digitais”.
O
diretor de arte dos efeitos visuais, Kim Sinclair, procurou exaustivamente
veículos autênticos, como o Ford 1937 visto nas edições ilustradas, que foram
escaneadas para dentro do computador para serem recriadas digitalmente. “Hergé
realizou uma investigação meticulosa acerca dos automóveis, como o Ford, e dos
hidroaviões, e, por isso, sabíamos o modelo e ano, e até conseguimos encontrar
a cartela de cores original do fabricante”, explica ele.


Entretanto,
o elemento mais crítico do desenho de produção, desde o princípio, sempre foram
os próprios personagens. Das poses cômicas de Haddock à textura do topete
armado de Tintim, das formas diferentes dos bigodes dos detetives Dupond e
Dupont às emoções transmitidas através do focinho de Milu, todos os matizes
foram debatidos, imaginados, repensados e ajustados ao longo de reuniões
intensas.
“Nós analisamos cada um dos personagens, de todos os ângulos, para nos
assegurarmos de que eram uma reprodução exata do original de Hergé”, conta
Spielberg. “Nunca hesitamos em dizer: ‘Olha, esse modelo do rosto do Capitão
Haddock não parece estar em sintonia com a arte do Hergé’”.
Texto: Sony Pictures
Imagens conceituais: The Art of The Adventures of Tintin
´CAPITÃO!! Meu preferidoooo!!!
ResponderExcluirRatos!!
Sou de Nova Venécia-ES, e infelizmente não temos cinema em nossa cidade. Gostaria muito de assistir mais esta obra-prima do genial Spilberg. As imagens são lindíssimas. Parabéns pelo blog dedicado a esta obra de arte. É uma pena que os americanos ainda não dão o valor que Spilberg merece. Filmes como o ET, A cor púrpura e o Resgate do Soldado Ryan não ter ganhado como melhor filme é no mínimo absurdo. Sou fã do Steven Spilberg, ele é o melhor cineasta de todos os tempos.
ResponderExcluirFantástico sou fã incondicional do Tim Tim tenho todas as sua aventuras em revistas, quero comprar o CD do filme quando sair, não quero assistir em cinemas pela qualidade inferior e pobre do publico, que vai ao cinema como favelados ruminando pipocas com refrigerantes, sem os malditos celulares ligados.Prefiro assistir este clássico em casa longe desta imundice de gente.
ResponderExcluirReinaldo- Pirituba
Reinaldo, não tive como não rir de seu comentário, e até concordo em alguns aspectos. Mas não tem vontade de ver o filme na tela grande, ou em 3D?
ResponderExcluirÉ só ir na primeira sessão do filme, às 11 da manhã e numa quinta ou terça feira, quando esse pessoal não dá as caras no cinema.
ResponderExcluirO maior problema são às 16 horas da quarta-feira, quando é dia de cinema mais barato.